Consultando o meu passaporte, verifiquei que no dia 22.07.90 fui transferido pela Construtora Norberto Odebrecht para a obra de Capanda, no Rio Kuanza, em Angola, África.
Assim em 23.07.90 fiz a minha 1ª travessia do Oceano Atlântico rumo a África. Viajando nesta oportunidade sem a família, passei por lá 3 meses em adaptação, verificações e arrumação.
Grande parte das minhas observações foi quanto a segurança... Visto que o País estava em plena guerra civil. Retornei ao Brasil seguro que tudo ia dar certo, apesar da guerra... Preparei a família e partimos para mais uma experiência de vida...
O vôo Varig, saindo do Rio, durante a noite, e chegou em Luanda ao amanhecer. A bordo, Eu, Conceição, Cláudia e Bárbara. Luciana não foi nesta ocasião, seguiu depois, ela relutava em seguir viajando e desejava permanecer mais tempo em um lugar próximo aos parentes.
A 1ª impressão de todos ao chegar: A cidade está em destruição ou construção? Aos poucos fomos percebendo como o País funcionava durante a guerra civil.
Recebidos pelo pessoal de apoio, após os tramites legais, nos levaram para a Vila residencial do "Gamek", este era o nome do órgão do governo angolano que construiu a barragem.
Anteriormente eu já havia recebido a nossa casa na vila e assim foi só entrar e viver... a nova casa, a nova experiência de vida.
Com pinceladas rápidas, descrevo a estrutura da Vila do Gamek. Localizava-se em uma grande área perto do Aeroporto, cercada e bem policiada, compondo de aproximadamente 1000 casas de diversos tipos em madeira, porém muito confortáveis, e vinha com o recheio completo (todos os móveis e eletrodomésticos) fornecido pela obra.
A mini cidade, que era a vila, tinha a disposição: Prefeitura, mercado, posto médico, clube com piscinas, teatro e boate, campo de futebol, restaurante, salão de festas, escola (Pitágoras), lagoa com água potável, torre de TV e telefonia completa, estação de tratamento de esgoto, salão de cabeleireiros, oficina para conserto em aparelhos eletrodoméstico e outros que não me vem a memória.
O hospital e a oficina de maquinas e veículos ficavam em outra área, bem como os armazém de mantimento, que atendiam também as famílias do pessoal Angolano que na obra trabalhavam.
A obra ficava a 400 Km da capital, e possuia uma outra grande estrutura de apoio com: Alojamentos, oficinas, restaurantes, escritórios, aeroporto etc... enfim, tudo necessário para uma obra deste porte.
A segurança era mantida pelo Exercito em 2 círculos de bloqueio e com mais de 5000 homens, mais frota de veículos de guerra, inclusive os Urutus brasileiros e os KT M. Benz , utilizados na proteção dos comboios de carretas Volvo que faziam a travessia por terra, abastecendo a obra.
Nossa permanência na obra era de 2ª a 6ª ficando os plantões. Chegávamos e saímos via Boing 737 e outros aviões menores em vôo fretado. A obra tinha 2 Bandeirante e helicópteros.
A meninada tinha uma vida quase normal, falávamos o português (Angola foi colonizada pelos portugueses) e a escola ocupava a maior parte do tempo, não ficando eles sem as diversões na Vila, como as festas, jogos desportivos, aniversários e outros.
Caruru do aniversário de Cláudia
No aniversário de Cláudia a mãe fez uma reunião, oferecendo um big carurú aos amigos, professores e colegas.
Já no aniversário de Bárbara, dei uma moto de presente, elas aprenderam a andar e como todos os jovens (outros tinham também) faziam nas ruas da Vila um maior auê.
Quando retornamos ao Brasil, vendi e ainda estou devendo esta a ela (Bárbara)... e olhe que me cobra !!!
Nosso 1º computador foi lá comprado, um Dell 236, com impressora, que também ocupava as meninas em tarefas escolares.
Já no aniversário de Bárbara, dei uma moto de presente, elas aprenderam a andar e como todos os jovens (outros tinham também) faziam nas ruas da Vila um maior auê.
Quando retornamos ao Brasil, vendi e ainda estou devendo esta a ela (Bárbara)... e olhe que me cobra !!!
Nosso 1º computador foi lá comprado, um Dell 236, com impressora, que também ocupava as meninas em tarefas escolares.
Mumuila |
Aos domingos, tínhamos a disposição uma lancha para, em grupos, participar de passeios as ilhas da baía de Luanda... Isso tudo completado com um belo banho de mar, em águas limpas e cristalinas.
Na feira livre mais conhecida, a Roque Santeiro, conhecemos as "candongas" que são vendas a base de trocas. Outras feiras existiam como a de ferramentas e peça de carro, tudo em busca da sobrevivência!
Conceição e amigas sempre iam e gostava de comprar o que agradasse, não esquecia do meu uísque... Elas eram protegidas pelos angolanos amigos e pelas vendedoras da feira, onde faziam a troca de cerveja, roupas e outros utensílios por produtos de marfim, bebidas e artesanato.
Nas férias sempre retornávamos ao Brasil para rever nossos parentes e amigos. A saudade era grande!!
A remuneração compensava os riscos existentes e como resultado desta batalha travada na nossa vida, construímos nossa casa em Lauro de Freitas, na Bahia. Um patrimônio para nossa filhas e para termos uma velhice mais confortável.
Na feira livre mais conhecida, a Roque Santeiro, conhecemos as "candongas" que são vendas a base de trocas. Outras feiras existiam como a de ferramentas e peça de carro, tudo em busca da sobrevivência!
Conceição e amigas sempre iam e gostava de comprar o que agradasse, não esquecia do meu uísque... Elas eram protegidas pelos angolanos amigos e pelas vendedoras da feira, onde faziam a troca de cerveja, roupas e outros utensílios por produtos de marfim, bebidas e artesanato.
Nas férias sempre retornávamos ao Brasil para rever nossos parentes e amigos. A saudade era grande!!
A remuneração compensava os riscos existentes e como resultado desta batalha travada na nossa vida, construímos nossa casa em Lauro de Freitas, na Bahia. Um patrimônio para nossa filhas e para termos uma velhice mais confortável.
Agradeço a Deus, a nossa família e ao amigo Ailton Morais e sua esposa Edna, o apoio e a oportunidade de concretizar com sucesso esta etapa na minha vida.
1 comentários:
Fidélis, foi muito interessante ler esse texto.
Que saudade deu de Angola.
Como você descreveu claramente a Vila!!!!
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